quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Café é saúde

Café pode atuar na prevenção das cáries



O café pode prevenir problemas dentários. Em testes de laboratório, alguns de seus componentes impediram a instalação das bactérias, o primeiro passo na formação das cáries. De acordo com a pesquisadora Carla Pruzzo, da Universidade de Ancona, na Itália, os componentes ácido clorogênico, ácido nicotínico e a trigonelina presentes no café impediram as bactérias Streptococcus mutans de se instalar em uma superfície dentária sintética. A trigonelina, o principal componente responsável pelo sabor ácido do café foi o mais potente anti-adesivo.
A pesquisadora apontou que há longo tempo sabe-se que os grãos de café, verdes ou torrados, contém substâncias anti-bactericidas e anti-oxidantes, porém a forma de ação de cada um desses componentes ainda é desconhecida. De acordo com Peter Martin, pesquisador do Instituto de Estudos do Café da Universidade Vanderbilt, em Nashville, Estado do Tennessee, EUA, a cafeína sempre foi considerada o principal composto bioativo do café, mas há uma série de outros compostos a serem estudados.

O café é um dos vários alimentos que vêm sendo estudados quanto à presença de substâncias que previnam os estágios iniciais da instalação das cáries, segundo o dentista William Bowen, da Escola de medicina e Odontologia da Universidade de Rochester, Estado de Nova Iorque, EUA. O chá e o suco de framboesa também podem conter substâncias que podem ser utilizadas em pastas e soluções dentárias.
Fonte: Brazilian Journal of Plant Physiology.



Auxiliando na memória



Cientistas da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, descobriram que as pessoas idosas que bebiam uma xícara de café convencional antes de se submeterem a um teste de memória obtinham melhores resultados do que pessoas da mesma idade que optavam por sucos naturais. De acordo com os pesquisadores, produtos ou atitudes que reforçam os níveis de energia do corpo, como o próprio café ou uma sesta durante a tarde ou até um passeio, podem melhorar a memória. Outros aspecto interessante da pesquisa revela que tal fato pode não se aplicar a pessoas que não sejam consumidoras regulares de café.
Fonte: Webcare - Saúde on-line (www.webcare.pt).

Origem e expansão pelo mundo


Frutos vermelhos do café seduzem os povos

A história do café teve início em Kaffa, na Abissínia - hoje chamada Etiópia -, no continente africano. Apesar de já existir há aproximadamente mil anos, o primeiro registro comprovado da existência do café é do século XV. Tudo começou com um pastor chamado Kaldi, que percebeu que seus animais ficavam mais espertos e saltitantes ao comer folhas e cerejas (fruto vermelho do café) de uma certa planta. Então, o pastor passou também a consumir os frutos e de fato sentiu-se mais alegre e com maior vigor. A notícia não tardou a se espalhar e muitos outros moradores da região de Kaffa passaram a consumir os frutos do cafeeiro, através de infusões.

Um desses moradores foi um monge, que utilizava o café para resistir ao sono enquanto orava. Durante os séculos XV e XVI, o conhecimento sobre os efeitos da bebida se disseminou rapidamente e o café passou a ser consumido também no Oriente, onde foi torrado pela primeira vez, na Pérsia.

Os povos que iniciaram o cultivo da planta foram os árabes. Devido a esse fato, uma das espécies mais importantes de café tem como nome científico Coffea arabica. Porém, mesmo entre os povos árabes, a bebida foi considerada contrária às leis do Profeta Maomé. Essa resistência ao café foi logo vencida e até mesmo os doutores maometanos aderiram à bebida para auxiliar o processo digestivo e também para alegrar o espírito. O consumo da bebida tornou-se tão popular na Arábia que a infusão do café passou a ser chamada "Kahwah" ou "Cahue", que em árabe significa "força".

Após conquistar os povos do Oriente, o café foi levado à Europa, em 1675. Porém, como era considerada uma bebida maometana, foi rejeitada inicialmente pelos cristãos. Somente após o Papa Clemente VIII provar o café e "absolver" a bebida da culpa, o consumo foi liberado. O café passou a fazer parte definitiva dos hábitos europeus.

Diversas casas de café foram abertas e o consumo foi consagrado por nomes famosos como Rousseau, Voltaire, Richelieu, Johann Sebastian Bach, Diderot e outros pensadores, músicos e celebridades.

Até mesmo Napoleão Bonaparte, general e imperador da França de 1804 a 1815, foi um dos mais dedicados admiradores do café. Certa vez, disse: "Um café forte e abundante me deixa desperto e atento. O café me dá uma energia e calor, além de uma força incomum, uma dor que não ocorre sem prazer. Mas eu prefiro sofrer, do que ser um insensato e imbecil".

Os frutos vermelhos também seduziram os holandeses. E foi através da Holanda e de seu intenso comércio marítimo que o café chegou ao Novo Mundo, ou seja, à América. Os primeiros países a receberem o café foram as Guianas, Martinica, São Domingos, Porto Rico e Cuba.

O café e suas implicações sociais


Se o café começou pelo norte da África (Arábia... Pérsia...), foi pelo Sul que começou a caça aos negros para trabalharem nas lavouras do Brasil.

O tráfico negreiro era um dos negócios mais lucrativos da economia brasileira e movimentava muito dinheiro. Com sua proibição, o capital antes aplicado na compra de escravos foi deslocado para outras atividades. Ocorreu assim um incremento das indústrias, das ferrovias, dos telégrafos e da navegação. Junto com o café, o fim do tráfico proporcionou o início da modernização brasileira.

Com a proibição do tráfico internacional de escravos, os cafeicultores tiveram de recorrer ao tráfico interno ou interprovincial. As lavouras decadentes da cana-de-açúcar no Nordeste ampliaram a venda de escravos para as lavouras do Centro-Sul, que se transformaram na principal região escravista do país.

Imigrantes para o cultivo dos cafezais

Os cafeicultores recorreram, então, ao tráfico interprovincial e desenvolveram uma política de atração de imigrantes europeus para suas lavouras. Porém, o trabalho destes últimos só ganhou peso na década de 1880, quando os cafeicultores já não conseguiam segurar os escravos nas fazendas, devido à força da campanha abolicionista.

Clandestino, o café entra no Brasil...


Fazenda típica de café, vista do terreiro de secagem do café ao fundo instalações - Avaré.

Em 1727, o sargento-mor Francisco de Melo Palheta, do Grão-Pará, fez uma viagem à Guiana Francesa e lá conseguiu uma muda de café-arábico, que foi trazida clandestinamente para o Brasil.

Da Região Norte, mais especificamente das primeiras plantações em Belém, as mudas foram usadas para plantios no Maranhão e na Bahia, na Região Nordeste.

Entre 1800 e 1850, devido às condições climáticas desfavoráveis, tentou-se o cultivo noutras regiões: o desembargador João Alberto Castelo Branco trouxe mudas do Pará para a Região Sudeste e as cultivou no Rio de Janeiro, depois São Paulo e Minas Gerais, locais onde o sucesso foi total.

O negócio do café começou, assim, a desenvolver-se de tal forma que se tornou a mais importante fonte de receitas do Brasil e de divisas externas durante muitas décadas a partir da década de 1850.


Plantação próxima da cidade de São João do Manhuaçu - Minas Gerais - Brasil.

O estado de São Paulo, durante a primeira parte do século XX, foi o primeiro a desenvolver a lavoura cafeeira e se tornar um dos mais ricos do país, permitindo que vários fazendeiros indicassem ou se tornassem presidentes do Brasil, até que se enfraqueceram politicamente com a Revolução de 1930, quando o Brasil começou a urbanizar-se e a pensar mais na cultura industrial moderna.

O café e a geada

O café foi plantado no oeste do estado de São Paulo, nos lugares mais altos, menos expostos a geadas. Estes espigões ficavam também longe da malária, muito comum nas proximidades dos rios.

A Valorização do Café

O Convênio de Taubaté, de 1906, foi o mais conhecido convênio entre estados cafeeiros para obter financiamento externo.

A partir da década de 1920, a valorização do café tornou-se permanente, aumentando muito o volume estocado, fazendo os preços se elevarem.

Com a crise de 1929, todo os estoques de café tiveram de ser queimados, a partir do governo de Getúlio Vargas. A partir de 1944, a oferta de café passou a ser regulada por convênios entre países produtores.


POR ONDE PASSOU, LEVOU RIQUEZA E PROSPERIDADE,
E QUANDO ALCANÇOU NÍVEIS ELEVADOS DE PRODUÇÃO
CURVOU-SE, PRIMEIRO, AO MOVIMENTO ABOLICIONSITA;
DEPOIS, À CRISE MUNDIAL DE 1929-1939, E, FINALMENTE, A UM
PERÍODO DEFINITIVO DE URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO,
QUE SE INICIOU, NO BRASIL, DURANTE O GOVERNO VARGAS.

Na Europa

Muitas casas de café, na Europa, ficaram mundialmente conhecidas, como o Café Nicola, em Lisboa, onde se encontravam políticos e escritores; o Virgínia Coffee House, em Londres, e o Café de La Régence, em Paris.

Em finais do século XVIII, o conde de Rumford inventou a cafeteira, permitindo um grande impulso à proliferação da bebida, ajudada ainda por uma outra cafeteira de 1802, esta da autoria do francês Descroisilles, onde dois recipientes eram separados por um filtro.

Em 1822 uma outra invenção surge em França: a máquina de café expresso, embora ainda não passasse de um protótipo. Em 1855 é apresentada em uma exposição, em Paris, uma máquina mais desenvolvida, mas foi em Itália que a aperfeiçoaram.

Assim, coube aos italianos, apenas em 1905, comercializar a primeira máquina de expresso, precisamente no mesmo ano em que foi inventado um processo que permitia descafeinar o café. Em 1945, logo após o final da Segunda Guerra Mundial, a Itália continua tendo a primazia sobre os expressos e Giovanni Gaggia apresenta uma máquina onde a água passa pelo café depois de pressionada por uma bomba de pistão.

O sucesso foi espetacular.



Composição e modo de preparo


CARTOLA, GRANDE MESTRE DO SAMBA CARIOCA,
COMPOSIÇÃO DE RELEVO A CULTURA NEGRA BRASILEIRA,
HOJE, UM SÉCULO E MEIO APÓS TUDO ACONTECER,
VÊ-SE SABOREANDO O PRODUTO QUE JUSTIFICOU
O TRÁFICO DE SEUS ANCESTRAIS, AO MESMO TEMPO QUE
EXPANDINDO A CONSCIÊNCIA DE UM BRASIL NEGRO CONTEMPORÂNEO.

Uma xícara de café expresso

O povo italiano denomina caffè espresso ao que denominamos café expresso. Trata-se de uma bebida à base de café preparada através da passagem de água muito quente (mas não fervente) sob alta pressão pelo café moído, sendo que esta pressão, em máquina profissional, é feito sob a pressão de 900–1000 kPa (9–10 atmosferas ou bars).

Uma qualidade do café expresso é que ele é mais consistente que o café coado. Em sua química, ele é mais complexo e volátil e muitos de seus componentes se perdem por meio da oxidação ou perda de temperatura.

São três as partes principais: coração, corpo e espuma (esta, apresenta uma espuma de cor semelhante ao caramelo-escuro que permanece sobre a superfície do expresso.)


MÁQUINA DE CAFÉ EXPRESSO

Depois do processo de extração sob alta pressão, todos os sabores e substâncias numa xícara de café expresso mantêm-se concentrados. Algumas pessoas preferem uma dose de café, em vez de uma xícara maior em que estes elementos estão mais diluídos.

Devido à sua concentração de componentes, o café expresso é utilizado como adicional em outras bebidas à base de café, como caffellatte e cappuccino.

Nescafé surge na crise do café dos anos 1930
Um produto que veio em socorro à nossa economia

Nos anos 30, houve uma superprodução de café e os preços do produto no mercado internacional despencaram. O Brasil, que já naquela época era o maior produtor mundial, enfrentou uma de suas maiores crises econômicas. Entre 1931 e 1938, tentando ordenar o mercado, foram destruídas 65 milhões de sacas de café.

Diante de um quadro tão grave, membros do governo brasileiro solicitaram à empresa Nestlé um estudo para o desenvolvimento de um produto que poderia ser conjugado com o leite em pó que já vinha sendo fabricado pela empresa, visando promover um aumento do consumo interno de café.

A Nestlé desenvolveu um café que continha uma mistura de hidratos de carbono à matéria-prima e obteve um café solúvel. O novo produto, batizado Nescafé, começou a ser comercializado em 1939 e foi um sucesso imediato, sendo até hoje o carro chefe das vendas da empresa suíça.

Solúvel nasceu nos Estados Unidos

Em 1838, uma determinação do Congresso dos Estados Unidos obrigou que o exército mudasse a bebida oferecida a seus soldados. O rum foi abolido da dieta e trocado pelo café. Porém, operacionalmente a mudança trouxe problemas, o que fez com que os militares começassem a receber um extrato de café, em forma líquida. Essa foi a primeira tentativa de se fazer um café instantâneo. Satori Kako, um químico japonês radicado em Chicago, começou a estudar a melhor forma de se obter esse tipo de café. Em 1901, ele inventou um café em pó instantâneo que foi vendido na exposição Pan-americana de Nova Iorque.

Em 1906, o químico norte-americano G. Washington adaptou a idéia de Kako e criou um solúvel refinado, que foi comercializado em grande escala. Na segunda guerra mundial o café solúvel foi amplamente utilizado pelas tropas dos Estados Unidos, sendo que, ao longo do conflito, o exército do país consumiu expressivos 100 mil quilos do produto. Até os anos 1950, havia dois tipos de café instantâneo: o comum, como o atualmente conhecido, e o tipo que necessitava de inclusão de hidratos de carbono. Essa forma de café caiu em desuso.